No dia em que completou 100 anos, o Palmeiras recebeu uma das melhores mensagens, justamente do principal rival: o Corinthians. Na nota, muito respeitosa, o alvinegro afirmava ter muito orgulho de fazer parte da história do clube.
"O Timão se orgulha de ter feito parte importante da história do clube com quem pôde disputar os clássicos de maior rivalidade, mas com lealdade e amizade acima de tudo. Sem o clássico entre Corinthians e Palmeiras, a capital paulista e o futebol brasileiro certamente não seriam os mesmos", afirmou, emocionando palmeirenses de verdade.
Enquanto isso, na internet, em sites e redes sociais, torcedores atacavam bravamente a equipe. "Lixo de time", "Timinho de segunda divisão" e outras críticas mais estúpidas. O mesmo aconteceu com o Corinthians ao completar 100 anos de existência. Foi massacrado em comentários de torcedores adversários.
Antes disso, o então candidato à Presidência da República Eduardo Campos morria tragicamente na queda do avião em que estava com sua equipe. Rapidamente, comentários em sites e redes sociais eram usados para fazer piadas e "culpar" a presidente Dilma Rousseff. Uma "criatividade" sem fim em montagens de fotos com um único objetivo: fazer "humor" com a morte.
Esses dois episódios mostram a capacidade do ser humano - e não apenas de brasileiros, como muitos pensam - de propagar o ódio em um espaço virtual que deveria ser usado justamente para se compartilhar opiniões com democracia. Mas, infelizmente, transformou-se em templo para propagação de ódio e "humor" banal a todo custo para se ganhar meras "curtidas".
No caso do centenário do Palmeiras, a atitude do principal rival mostra que a disputa é apenas em campo. Fora isso, são empresas trabalham e ganham dinheiro com o entretenimento. Seus jogadores podem atuar em qualquer um dos clubes, enchendo os bolsos. Quem propaga o ódio é o torcedor, que não ganha nada com isso e ainda impede famílias de visitarem os estádios, com medo da violência e de vasos sanitários matarem alguém. São fanáticos que não sabem argumentar ou mesmo interpretar um texto e usam a internet apenas para xingar e mostrar toda a sua ignorância.
Já a reação grotesca à morte de Eduardo Campos serviu para várias análises em sites e jornais, criticando as brincadeiras em situações como estas. Chegamos a um nível de mediocridade que não se respeita mais as famílias e amigos que sofrem com a perda. Passa-se por cima de tudo que é ensinado na escola - ou na vida - em nome de uma tentativa desenfreada de ficar famoso no mundo virtual ou de cultivar "amigos" do mesmo nível, que adoram porcarias.
Artistas, então, são alvos prediletos dos chamados haters (algo como "odiadores", em português). Recebem críticas e ataques como se o simples fato de serem famosos permitisse a falta de educação. O problema é tão sério que levou a filha do Robin Williams a deixar sua conta no Instagram, tamanha as brincadeiras de mau gosto que fizeram sobre o suicídio de seu famoso pai.
Onde está o respeito? Onde fica o desejo de não querer para os outros o que não se quer para você e as pessoas que gosta? Por que atacar alguém com tanto ódio em nome da liberdade de expressão ou "desabafo"?
Qual será o próximo passo, com tanta tecnologia à disposição e liberdade de expressão? Criar um tacape virtual para que trogloditas possam se armar, bater no chão com muita raiva e tentar até conquistar mulheres arrastando seus corpos pelos cabelos? É o retorno ao tempo das cavernas...
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