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A inversão de valores no Facebook


Cada dia que passa, sou obrigado a concordar com o professor Pasquale Cipro Neto, que chama as redes sociais de "terra de ninguém". E o Facebook é o maior exemplo disso, onde a inversão de valores é cada vez mais acintosa.

O último exemplo é um vídeo de um site de "humor" postado no Youtube e divulgado à exaustão no Face em que o balconista oferece "rola" para uma cliente que pediu um lanche. Isso mesmo: "rola", no pior sentido da palavra. É claro que tranqueira dá ibope e a porcaria já foi vista milhões de vezes. O problema é que usuários coerentes entraram na Justiça para que seja retirado do ar.

Houve matéria a respeito (não vou divulgar links para não ajudar a propagar este tipo de vídeo) e, é claro, um montão de gente ficou "indignada". Vários reclamavam de "censura" e que não se sentiram ofendidas. Mas entre elas havia gente, graças a Deus, consciente. E fez uma pergunta interessante: se o balconista tivesse feito isso com sua esposa, sua irmã ou mãe, o que faria?

Na vida real, o cara pularia do outro lado do balcão para socar o infeliz. Nas redes sociais, se faz de "descolado", acha graça em tudo e vamos liberar geral.

Outro exemplo aconteceu em minha cidade, Araçatuba (SP). Dois adolescentes, de 13 e 14 anos, que não saíram nem das fraudas, decidiram chamar a Polícia Militar de "vermes" no Facebook e ameaçar "explodi-la" enquanto a corporação fazia uma palestra contra drogas na escola onde os dois estudam. E receberam comentários de apoio e curtidas, com um linguajar de bandido, cheio de gírias.

Resultado: foram apreendidos e tiveram que dar explicações na delegacia. Muito bem feito! Um desrespeito total a uma corporação que é a primeira a ser lembrada quando estão em apuros. Mas, para variar, quando a notícia foi divulgada, havia gente defendendo os "anjinhos", "indignada" com a polícia, com a mesma ladainha de que precisa é ir atrás de bandido. E pessoas que fazem este tipo de apologia, são o quê?

Mais um exemplo em minha cidade: um sujeito decidiu vender goiaba em uma carriola enferrujada na área central do comércio. É claro que foi denunciado e os guardas municipais apreenderam a mercadoria. Uma mulher viu, também ficou "indignada" e iniciou uma campanha no Facebook contra a atitude dos guardas, que simplesmente cumpriam sua obrigação.

Um monte de compartilhamento de outros "indignados" com a situação, aliás, milhares... Uma inversão total de valores: o espertão da goiaba virou mártir, virou "trabalhador", e os guardas, vilões. Os comerciantes, que pagam impostos e empregam um monte de gente, não podem reclamar, porque também estarão "errados" para esta gente que compactua e defende casos assim. Depois, reclamam que não há emprego...

O Facebook se tornou a total representação de uma terra sem lei. É o que seria, na vida real, a "Sociedade alternativa" de Raul Seixas, na qual "Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei"... Na vida real, se não há um Estado ou leis, se fizer o que quiser, vira esta baderna, onde tudo pode e os outros que se explodam...

Em nome da "liberdade de expressão", o sujeito quer atacar as pessoas, acusar sem provas, caluniar. Fico horrorizado com comentários de leitores em sites de notícia de abrangência nacional, como G1 ou Terra... Raramente se aproveita alguma coisa.

Então, seguindo o pensamento dessa gente, vou na casa delas pichar um monte de asneira no muro e jogar esterco - para não escrever outra coisa - no seu portão. E não adianta ficar "indignado". Eu também estarei demonstrando minha "liberdade de expressão".


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