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Quando o humor não tem graça

Momento em que a repórter é interrompida em link ao vivo

O episódio envolvendo a repórter Monalisa Perrone, da Rede Globo, que foi 'atropelada' ao vivo durante reportagem no Jornal Hoje em frente ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, mostra o nível a que chegou o humor em nosso País. Para muitas pessoas, este tipo de "trolagem" é normal, mesmo que para isso prejudique alguém que está trabalhando. É fazer graça em cima da desgraça.

O humorismo vem mudando muito nas últimas décadas. Charles Chaplin, por exemplo, fazia rir sem dizer uma palavra. Mazzaroppi também fazia as pessoas gargalharem com seu jeito simples e "bobão". Um humor ingênuo, como pratica até hoje Renato Aragão. O que dizer, então dos mexicanos do seriado Chaves, que encantaram uma geração, e ainda encantam?

Chico Anysio e Jô Soares sempre praticaram um tipo de humorismo direcionado a críticas sociais. Esse estilo foi herdado pela trupe do Casseta e Planeta, que revolucionou com entrevistas de duplo sentido, deixavando muitas “vítimas” em saias-justas, principalmente políticos.

Silvio Santos e Sérgio Mallandro também deram sua contribuição com as "pegadinhas", fazendo as pessoas se assustarem em determinadas situações ou até mesmo passarem por cenas constrangedoras. Afinal, sempre foi engraçado pregar uma peça nos amigos e rir do tombo alheio.

Já a turma do Pânico na TV conseguiu revolucionar o humor mais uma vez. Até hoje, faz sucesso com vários quadros, muitos deles muito criativos. Mas o lado negro da história deles são episódios em que querem arrancar o riso a qualquer custo. Não se incomodam em desprezar mulheres "feias" na praia, com adesivos do tipo "Vou - Não vou", em destruir estabelecimentos com pessoas gritando como se estivessem “desesperadas”, em fazer seus membros passarem por momentos de agressão ou violência – o Repórter Vesgo já foi agredido duas vezes por celebridades.
Um dos passatempos do grupo é atormentar a TV Globo.

Não medem esforços para invadirem eventos, zoarem com atores e jornalistas. Até aí tudo bem. Mas quando começam a incitar perseguições, como fizeram ao apresentador Zeca Camargo, a situação muda de figura.

O CQC, da Band, também seguiu o exemplo dos Cassetas e faz rir com suas entrevistas. E muito boas em vários casos. O que não é aceitável é um de seus membros, Rafinha Bastos, achar que pode dizer qualquer coisa somente porque foi considerado a pessoa mais influente no Twitter. Primeiro, chamou a modelo-apresentadora Daniela Albuquerque de "cadela". Depois, disse que comeria a cantora Wanessa Camargo e seu bebê. Passou dos limitares e ainda ironizou as críticas, porque acha que humor não precisa de limite. E houve quem o defendesse, achando que estava sendo censurado.

A você que acha exagero Rafinha Bastos ser jogado no ostracismo porque não teve capacidade de criar algo sem agredir ninguém, pergunto: o que faria se a vítima dele fosse sua mãe, sua esposa, sua filha, sua irmã? E se a sua filha ou irmã aparecesse na TV com um adesivo de "Não vou", sendo chamada de mocreia em rede nacional?

Engraçado, né? E se você estivesse trabalhando e alguém simplesmente aparecesse do nada, gritando, e lhe assustasse de uma forma que o impedisse de continuar. Isso na frente de milhões de espectadores! Você iria rir também? Acredito que não. Pimenta nos olhos dos outros é refresco e para tudo há limite. Mas se a sua resposta é sim, pessoas que fazem "humor" em cima da desgraça dos outros merecem uma plateia como você.


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