É assim que me lembro dela. Kika: colega, amiga, irmã, parceira e sempre presente. Foi ainda pequena que a peguei nos braços e beijei sua boca. Ao longo do tempo, a boca dela já engolia a minha.
Pequenas pintas. Grandes características ao longo dos anos. Ela tinha o dom de ser amiga com um abanar furtivo durante minha chegada noturna.
Mas, antes disso, me viu crescer,e apreender respeitar seu sono. Eu a queria, mas não era mais possível.
Noites solitárias e manhãs desmerecidas. Já não tinha mais olhos pra quem amava.
Um acidente nos uniu... Me deixou entre a namorada, que virou noiva e esposa, e choro sincero de quem percebe a dor de quem se ama.
Já melhor, entendeu a divisão de sentimentos. Era sábia e conseguia manipular ao seu redor. Fez de um futuro casal seus servos, pois era isso que fazíamos. Água, comida, amor e carinho ela nos tirava diariamente.
Mas foi com o passar dos anos que esse amor ficou maior... A falta de alguns sentimentos sempre brotavam daquele olhar solitário e nunca sozinho.
Mudamos uma, duas, três vezes; até que enfim encontramos alicerce.
Ela velha e eu ainda novo e um amor sempre incondicional.
Talvez não tenha suportado a drástica mudança. Mas ela estava lá. Sempre... Melhor, quase sempre.
Um dia saiu da minha vida e nunca mais voltou. Quatorze anos de amor incondicional perdidos num abrir de portão num lugar ainda novo. Ela saiu pra nunca mais voltar.
Ainda te amo, Kika. Viva, talvez não mais. Mas alegre e feliz no céu dos cachorros ao lado da Lessie, do Bingo e de todos os demais que fizeram minha vida feliz.
Texto enviado pelo amigo Nelson Jr. em homenagem à sua cadelinha Kika.
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