Em nossa sociedade, vivemos vários papéis todos os dias. Somos um personagem em casa, com nossos filhos, com a esposa ou marido; somos outro no trabalho, com os colegas, chefes e subordinados; somos outro com amigos; e somos outro no mundo virtual.
Em cada uma dessas situações desempenhamos papéis no teatro da vida. O problemas é se envergonhar e esconder um desses personagens, na maioria das vezes inconscientemente.
É o caso do blogueiro. Escrevemos em um espaço democrático, lido sem restrições por todos que acessam a internet e digitam um endereço específico possam encontrar e avaliar nossos pensamentos. E até comentar.
Acessamos as redes sociais para divulgar nosso trabalho virtual, divulgamos posts por e-mail, ajudamos outros blogueiros a se juntarem ao grupo. Mas na hora do papel da vida real, esquecemos tudo isso e valorizamos apenas o outro lado.
Tenho muitos amigos blogueiros, aqui mesmo em Araçatuba, que simplesmente omitem isso quando escrevem para jornais. É uma pena e acredito que nem eles perceberam isso.
Escrevo sobre isso não para criticá-los, mas lembrá-los da importância do que fazem no mundo virtual. Separei alguns casos de pessoas importantes em nossa comunidade e que agem assim constantemente.
O professor
Hélio Consolaro, por exemplo, é o atual secretário da Cultura de Araçatuba. Graças a ele, fundamos a Cia dos Blogueiros, uma entidade virtual com mais de 250 blogs cadastrados do País inteiro. Em sua administração, os blogueiros têm vez no Conselho de Políticas Culturais. E todo o trabalho de sua secretaria é divulgado em blogs.
O próprio Consa mantém pelo menos cinco blogs. E mesmo assim, com tanta importância em nosso meio, assina seus textos no jornal como "jornalista, escritor. Membro da AAL (Academia Araçatubense de Letras), e da UBE (União Brasileira dos Escritores)". Nunca destaca que é pelo menos blogueiro. Dizer então que é membro da Cia dos Blogueiros, nem pensar...
Tanto a AAL como a UBE são entidades muito valorizadas e importantes no meio literário. Devem sim ser citadas com orgulho no currículo. Mas e os cinco blogs, a Cia dos Blogueiros, não valem a citação?
Outro personagem importante no meio é o também professor Antonio Luceni. Como atual diretor de integração regional da UBE, discutiu de forma inédita a importância dos escritores blogueiros durante evento que organizou em Araçatuba. É blogueiro e colocou a UBE na blogosfera na região. Esteve até recentemente em um workshop ensinando outros professores a criarem blogs.
Mesmo assim, nunca cita que é blogueiro no currículo de seus artigos. Em seu perfil no próprio blog, fala de tudo que é ou já vez, menos que é integrante da Cia dos Blogueiros também.
Outro caso interessante é o do amigo
José Hamilton Brito. Outro blogueiro atuante, escreve sobre vários assuntos e é membro do Conselho de Ética da Cia dos Blogueiros, onde sempre participa com artigos e comentários. No jornal, assina apenas como membro do Grupo Experimental da AAL.
Mais um amigo:
Ventura Picasso, que mantém blog e escreve sempre para jornal. No próprio blog ou em textos enviados para a Cia, afirma sempre apenas que é "Secretário Geral do Sintapi".
Um caso interessante aconteceu com minha amiga virtual
Ana Almeida Zaher. Em recente artigo publicado na Cia, ela destaca que se sente realizada e lembra que é membro do grupo experimental da AAL, da UBE, da Companhia de Folia de Reis, do coral Encantos e do Amigos da Seresta. E nada de citar a própria entidade virtual... Mas em seu currículo ao se cadastrar na UBE, afirmou ser membro da Cia. Vai entender... rs
Volto a destacar que não estou criticando os próprios amigos. Eles não têm obrigação alguma de dizer que são blogueiros ou mesmo que pertençam à Cia. Cada um valoriza o que achar mais importante. Gostaria apenas que pensassem nisso.
Tenha orgulho de escrever na internet; tenha orgulho de pertencer ao mundo literário virtual também; tenha orgulho de ter um endereço virtual em que pode expressar seus pensamentos e receber visitas diariamente; enfim, expresse seu orgulho de ser blogueiro pelo menos citando isso em seus currículos.
Estamos tentando convencer a AAL e a UBE a incluir blogueiros escritores em seus quadros. Acreditamos que escritor é escritor em qualquer meio e não precisa ter livro de papel publicado para provar isso. Mas ainda há resistência de pessoas que desconhecem esse meio e acreditam que blogueiros são todos iguais ou que a internet sirva apenas para plágio.
Isso não é verdade. Não podemos dizer, por exemplo, que escritores de livros são todos iguais. Há verdadeiras porcarias impressas, assim como virtuais. É preciso separar o joio do trigo de ambos os lados.
O tema pelo menos está sendo discutido na AAL, graças à imortal Cecília Maria Vidigal Ferreira, uma das defensoras da abertura de espaço para blogueiros e músicos. O grupo ainda não decidiu a respeito. A resistência é grande e uma mudança de estatuto é quase uma utopia. Mas pelo menos há uma discussão, o que considero um grande passo de nossos intelectuais araçatubenses.
Na UBE não tenho notícias sobre qualquer discussão, como prometeu o presidente da entidade em passagem por Araçatuba. Vamos aguardar.
Vida longa aos blogueiros de bem, porque deles será o reino da palavra virtual!
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