Hoje deixo a política para falar sobre uma pessoa que marcou a história social do mundo. Deus escolhe os seus filhos e os incumbe para lutarem em prol da fraternidade e da tolerância amorosa, e Zilda Arns Neumann foi além desta missão.
Médica e sanitarista renomada, dona Zilda fez das visitas e atenção aos mais pobres o seu consultório. Dona de um semblante cativante e de um intelecto admirável, esta catarinense erradicada no Paraná cumpriu a vontade de Deus.
Na década de 1980, período marcado pela pobreza extrema no Brasil, dona Zilda atendeu a um pedido da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) para liderar uma instituição capaz de levar dignidade e esperança a tantas crianças espalhadas pelo país. Assim, motivada pelo chamado de Deus e pelo Evangelho de João, onde Jesus nos revela que veio trazer vida em abundância para todos, ela e a Igreja Católica fundaram a Pastoral da Criança, em 1983. O trabalho começou em Florestópolis, cidade marcada pelo alto índice de mortalidade infantil, no Estado do Paraná.
Mas, por Providência Divina e dedicação de dona Zilda e demais voluntários, a Pastoral da Criança foi ganhando dimensões nacionais, sendo que atualmente está presente em praticamente todo território nacional, levando vida e esperança a crianças, gestantes e o mais importante: para toda a família.
Tive o prazer de servir à Pastoral da Criança por quatro anos. Neste período, como agente, vivenciei a riqueza deste trabalho singelo, mas com muito carinho e de grande relevância para a igualdade social e em prol do direito à vida digna. Os voluntários da ação social foram sementes que resultaram em árvores frondosas, as quais se sentem motivadas por dona Zilda, reconhecida internacionalmente pelo trabalho idealizado e partilhado. Ela só não ganhou o Nobel porque, infelizmente, este prêmio é mais político do que justo.
Contudo, todos têm o prazo final da missão terrena. Zilda Arns a cumpriu no Haiti, país que vive um verdadeiro caos por conta de um forte terremoto. No meio daquele povo pobre, ela abraçou-os a fim de concedê-los um fio de esperança que seja.
Mesmo com a morte trágica, dona Zilda agora se junta a pessoas eternizadas, como dom Helder Câmara, Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá, e tantos outros que partiram para Deus deixando uma obra social gigantesca para o povo. Sentiremos saudade, mas o sentimento que prevalece é o de gratidão e a certeza de que esta brasileira agora se tornou um anjo, que atende pelo nome de Zilda Arns Neumann.
Texto de Cláudio Henrique
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