Depoimento da jornalista Patrícia Machado
Há cerca de quatro anos, era um sábado, eu trabalhava como repórter de TV e fui fazer uma matéria em Ilha Solteira (SP). Eu não fazia reportagem sempre na rua, mas era fim de semana e fui cobrir folga. Estava com mais dois colegas no carro. Eu sentava na frente.
Em um dos pontos da estrada havia uma descida, depois subia de novo. E lá na descida havia umas casas bem próximas da rodovia. De repente, uma jovem saiu do meio delas e foi até o acostamento. Ela deveria ter entre 25 e 30 anos. Usava um vestido claro.
Ela parou no acostamento. Então, chamei a atenção da equipe. "Olha que moça maluca! Ela vai tentar atravessar a rodovia ali", afirmei. Fiquei preocupada porque ela ficou bem na beira da pista, que estava movimentada, apesar de ser fim de semana.
Não me lembro onde estávamos, mas apenas que era metade do caminho entre Araçatuba e Ilha Solteira. As casas deveriam pertencer à zona rural de alguma cidade.
Fiquei olhando para ver o que a moça iria fazer. Foi quando ela atravessou a pista e parou no meio. Eu dizia para meus colegas: "Olha lá, ela vai acabar sendo atropelada". Os meninos perguntavam onde, e eu apontava. Achei que a moça ficou parada porque iria esperar a gente passar para terminar de atravessar.
Quando chegamos bem perto - me arrepio ao lembrar -, ela pulou. Vi o corpo batendo no capô, no para-brisa e passar por cima do carro. Por impulso, agarrei o motorista e puxei o volante para desviar. Ele gritou comigo, dizendo que eu estava louca e pedia para largá-lo. O colega sentado no banco de trás também me segurou e pedia para parar com aquilo.
Ao mesmo tempo em que me assustei, comecei a gritar que a gente tinha atropelado a moça, mas percebi que não fez barulho. Aí fiquei na dúvida: vi, mas não escutei o impacto. Os meus colegas diziam que não havia moça alguma e eu comecei a chorar. Eu tremia muito!
Neste tempo em que tentavam me acalmar, o colega de trás segurava meus braços, com medo que eu tentasse fazer o motorista sair do caminho de novo. Eu perdi totalmente o controle porque achei que a gente tinha matado alguém.
O motorista parou o carro no acostamento e eu apenas chorava. A seguir, foram para um autoposto próximo dali. "Calma, vamos beber uma água. O que aconteceu?", perguntavam.
Cheguei à conclusão que não havia nada mesmo na estrada, que aquilo foi sobrenatural. E comecei a me acalmar. Tomei água... Eles pediram para que eu contasse tudo o que vi e me disseram que não havia nada na pista, em nenhum momento.
Eles acreditaram que vi alguma coisa, pois estava muito descontrolada. Mas, por precaução, fui para o banco de trás do automóvel e seguimos viagem. Decidi não investigar nada, saber se alguém havia morrido ali naquele trecho. Preferi esquecer para não confundir ainda mais minha cabeça...
A série Assombrações, publicada neste blog, reproduz histórias reais inexplicáveis vivenciadas por personagens de Araçatuba e região.
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