Antes de me julgar, tente muito me amar
Olhe dentro do seu coração e, então, pergunte:
Você viu a minha infância por aí?
O trecho acima faz parte da música "Childhood" ("Infância"), um desabafo feito por um dos maiores gênios da música mundial. Michael Jackson não teve infância porque seu pai queria que ele e os irmãos fossem astros.
Quando se tornou um bilionário conhecido mundialmente, Michael se deu ao luxo de virar excêntrico. Também foi chamado de pedófilo, precisou mostrar a genitália à polícia, mas acabou inocentado na Justiça. É fato.
Mesmo assim, depois de tudo o que fez para a música, de ser um recordista de vendas, de shows, um fenômeno, li posts pela internet que o lembravam apenas como isso ou aquilo, com termos pejorativos de quem apenas viu seu lado ruim. É claro que ele não era um santo, mas eu e você, que lê este texto, também não chegamos nem perto disso.
Vou lembrar de Michael Jackson pelo jeito de dançar. Pelas músicas que marcaram minha adolescência, fazendo com que tivesse em minha coleção todas as suas músicas e clipes. Aliás, o que dizer do homem que reinventou a forma de fazer clipes? O que dizer de um clipe como "Thriller" com tantos efeitos especiais em pleno anos 80?
Lembro-me da primeira vez que vi um dos maiores astros deste planeta. Era pequeno, morava em São Paulo, e o assisti dançando em um televisor preto-e-branco, apresentado por meu sobrinho Maurício. Depois disso, não parei mais de admirá-lo. Meu presente de Natal naquele ano, comprado por meu pai, foi o LP "Thriller". Ouvia em uma antiga vitrola e vibrava! Faz 25 anos...
Naquele mesmo ano, ao fazer aniversário, ouvi no rádio o locutor oferecer a próxima música para os aniversariantes do dia: "Beat It". Você não tem noção como vibrei. Era pra mim!
Ainda em São Paulo, um amigo chamado Maurício decidiu participar de um festival de dublagem na escola onde estudávamos. Dublou e dançou Billie Jean. Como fã, passei para ele vário trejeitos - sim, sei dançar um pouco até hoje, mas só mostro pra você depois do terceiro copo de uísque -, inclusive a forma de jogar o chapéu no início da música.
E não é que ele ganhou! E, ao microfone, agradeceu ao Taveira (como era chamado na capital), seu "coreógrafo". Estava no meio do público e vibrei!
Isso e tantas histórias me passaram pela cabeça ao saber que o astro que mais admirei em minha vida tinha partido. A adrenalina do trabalho não me deixou chorar. Pensava apenas na notícia que colocaria no portal do jornal. Mas quando recebi a ligação de minha sobrinha Rosângela, que cresceu assistindo ao clipes do Rei do Pop, quase desabei. Ela também não acreditava.
Outro amigo, o Mário Bros, mais um fanático como eu, também me ligou, desolado. Ele disse que pensou em mim logo que soube da notícia. Recebi ainda um torpedo de minha amiga Gi Ábrego. Obrigado, pessoal, pela lembrança.
Pensei muito no que iria escrever aqui, afinal é para o Rei do Pop. Quando comecei, começou também o programa "Clássicos da Cultura", do Giuliano Turtle, que ouço diariamente. Pensei em ligar para ele, sugerir um especial. Mas ele já começou o programa com a guitarra de "Beat It", contando sua história e avisando que o programa era especial ao Rei do Pop. O som foi às alturas. Não resisti e chorei muito...
Encerro este post abraçando, virtualmente, todos os fãs do Michael, mesmo nome do meu único filho. Acho que ele já era uma lenda viva, afinal, aos 50 anos, conseguiu vender todos os ingressos para seus 50 shows em Londres.
Encerro lembrando que "Beat It" é minha música predileta, mas o melhor clipe é "Smooth Criminal". Encerro como comecei, pedindo que antes de julgá-lo, tente entendê-lo, amá-lo. Afinal, amar alguém é muito mais difícil do que criticá-lo e execrá-lo.
VÍDEOS
- "Beat It" é inesquecível. A jaqueta vermelha, a dança com a gangue, a guitarra do Eddie Van Halen!
- "Smooth Criminal" é o meu predileto. Trilha sonora do filme "Moonwalker", mesmo nome do passinho de Michael para trás, como se estivesse sem gravidade, caminhando na lua. E a moedinha que atravessa o palco? O baixo! Quase no final do clipe, ele e os dançarinos flutuam para a frente. Demais!
- "Childwood" é cheio de efeitos especiais para mostrar o desabafo de Michael por não ter infância e viver como se ainda fosse uma, para compensar.
- "We are de world" foi escrito por Michael Jackson e reuniu 45 artistas famosos. Uma campanha para as crianças da África que nos toca até hoje:
- "Ghosts" seguiu o jeitão de "Thriller", com fantasmas e efeitos especiais incríveis. O próprio Michael faz vários papéis, entre eles um velho que tenta expulsá-lo da mansão que assombra:
- "You rock my world" foi o último clipe do Rei do Pop, se não me falha a memória. Tem as participações especiais de Chris Tucker e do saudoso Marlon Brandon. E uma linda morena que arrebenta na dança. Você quase não vê o rosto de Michael, já deformado pelas operações plásticas...
Em tempo: meu amigo Giuliano Turtle encerrou o especial do Michael Jackson, na Cultura FM, dedicando o programa a todos os fãs, especialmente para mim. Obrigado, irmão, de coração!
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