Quando eu era repórter policial, via muita tragédia, muita desgraça. Vivia em delegacias, nas casas de pessoas assaltadas, assassinadas, entrevistando bandidos...
Naquele tempo, tentava criar uma redoma de vidro em minha emoção. Acho que a própria adrenalina fazia isso por mim. Cansei de entrevistar pessoas chorando por perdas... E eu anotando tudo, friamente...
Depois que virei pai, lidar com casos envolvendo crianças sempre foi uma tortura. Imaginava o que aconteceria se fosse com meu filho.
Hoje, acho que todo jornalista, mesmo os que cobrem polícia, não podem deixar de se emocionar. Senão, como passar esse sentimento para seus leitores? Como se indignar com alguma coisa?
Acho que na verdade sempre fui uma manteiga derretida, uma pessoa muito emotiva. Nunca me perguntei o motivo de ser assim. Sou assim e pronto.
Nesta quinta-feira (4), minha amiga Patrícia Machado me disse na lata que sou chorão. Acho que ela cansou de ouvir quando falo de filmes que me deixaram emocionados ou situações. Sou um contador de histórias, adoro fazer isso, e nem percebo que às vezes encho o saco, sempre repetindo que algo me emocionou...
É claro que a Patrícia, que é um poço de gentileza e bondade, não fez por mal e até disse que gosta de mim assim mesmo, pra eu não mudar. Não vou mudar, afinal, já sou quase um quarentão, acho que não tem mais jeito. Mas ouvir isso assim me fez refletir.
Sempre me emociono com o amor entre duas pessoas, com o amor de filhos. Acho que é porque amo demais minha família. Eu e a Lu somos assim. Um fica emocionado de um lado, o outro do outro.
Meu filho, Michael, herdou essa emoção dos dois e a multiplicou. Se algo nos emociona, faz com que ele chore copiosamente, às vezes sem conseguir se controlar. É assim desde bebê e continua agora que é adolescente. Já briguei muito com ele por causa disso, mas acabei concluindo que está no DNA...
O que fazer com essa família? Tá bom, se alguém quiser aproveitar o Natal e nos dar caixas de lenço de papel para enxugar as lágrimas ninguém vai reclamar, não... rsrsrs
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